quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pablo Neruda

 
 poeta  venerando a lua estilo aquarela
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a amei, e às vezes ela também me amou. Em noite como esta eu a tive entre meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito."Pablo Neruda


Enamorei-me em noite calma.
Ela, orgulhosa e única.
Séquito de estrelas em céu de amantes.
Ah, e eu amei!
Com tamanha devoção
que me senti, apenas, feliz.
E, tamanha paixão,
compreendi algo sobre certa face da vida.
Tomando-a nos braços,
bebi de sua boca doce.

Lembrei de algum Neruda.
Pudera eu ser
versado com perfeição na arte de domar palavras
e entendedor do amor

Poetas,
todos nós somos!
Mas palavras...
são tão ariscas!


Anderson Lobo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ínfimo


foto: autor desconhecido

Era noite. Olhou para céu e se sentiu ínfimo. Sensação de poeira preencheu-lhe a alma. A abóbada celeste estava tomada por entes, cujas idades ultrapassavam os bilhões ou o próprio infinito. Estrelas navegavam por verdadeiros mares de constelações. Astros agiam como seres divinos o observando com onipresença. E tudo era de uma poesia cósmica e perfeitamente infinita.

Tanto espetáculo era mero indício da vastidão que o compreendia. Vivia em certo asteróide, belo pela sua pequenez. Um minúsculo planeta, de uma, igualmente ínfima galáxia. Um ponto a infinitos anos-luz de distância de tantos mundos quanto a vastidão podia conceber.

Brincando de imensidão, libertou a mente. Abriu os braços e, a alma leve, alçou voo. Quando deu por si, sobrevoava o mundo. Lumes de cidades santas dançavam sob seus pés. E frente aos seus olhos de mero homem sonhador, indícios da grandiosidade do Grande Mistério.

Com humildade, reverenciou o universo, com a certeza de que não o podia decifrar. E sentiu grande contentamento por ser capaz de se sentir tão pequeno. Deslumbramento o elevou ao imenso cosmos, de onde podia conversar com os demais planetas irmãos.

Conheceu algo sobre galáxias e quasares. Vivenciou explosões épicas, acontecidas em tempos tão imemoriais, quanto a própria existência. Vislumbrou partículas, para quem não havia tempo nem espaço. Flutuou sobre nuvens de leveza, perseguindo cometas que brincavam no além. Tocou com a ponta dos dedos, o improvável. Sentiu-se tudo e nada, ao mesmo tempo.

E o espaço se revelou, em bela face, a mais bela face da criação.Tudo regido por sublime melodia.

Vivendo no céu, enfim, encontrou o que procurava: paz, da mais profunda quietude. E teve a certeza de que, por mais grão que fosse, pertencia ao todo. O todo que o abarcava e que também existia dentro de si.

Anderson Lobo
(pescador de estrelas)

Numinoso

Anoitecia, quando o mestre bateu à porta do mercador.   — Sou um velho monge, amigo da sabedoria. Venho de uma longa jornada rumo à minha mo...