quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sobre Guerras, Bombas e Kamikazes


Venero os generais, especialistas em ceifar vidas, e, confesso, pois, minha adoração pela
guerra!

Creio na herança violenta das claves. E na natureza belicosa de nós, homens. Tão
revigorante o espetáculo da dança insensata da humanidade.
Por isso, contemplo um míssil teleguiado sobre o céu de Bagdá. E sinto, excitado, o odor
de carne viva e queimada pela energia homicida dos megatons.
Por Deus, acho tão belo o beijo mordaz da senhora pálida, marcando suas vítimas pelos
campos de batalhas! Enquanto soldados se engalfinham, perdidos, entre trincheiras
obscuras.
Ah, o câncer e o corpo reduzido a pó! O sangue escorrendo pelo morro, enveredando-se
pelas ruas cálidas e desaguando no Estige.
Ah, os homens-bomba e os kamikases! Tão poéticos!
Os meninos, sorrindo, empunhando metralhadoras...
A rosa radioativa, tão rubra!
Sua capacidade santa de arrancar toda vida a sua volta!
Ah! a força de um Big Bang!
Sim, como o poetinha,
amo a bomba atômica!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Poeira








Fragmento no olho do furacão.
Pequenino ponto cheio de alguma vida.
Bem mais que corpo inerte.
Coração no centro de um peito torpe.
Movimento,
sentimento,
sofrimento.
Unha e dente,
busca de alimento.
Armadura da alma.
Invólucro sagrado forjado pelo imenso.
Calor mantendo o que é vida.
Contendo carne.
Proteção ínfima.
Veias,
artérias,
impulsos nervosos,
pensamento.
Umbigo do mundo.

Fragmento no olho do imenso.
Pequenina carne cheia de algum furacão. 
Pensamento cheio de calor.
Unha que busca o peito.
Contendo alma.
Movimento, artérias, veias.
Armadura da vida
Invólucro ínfimo forjado pelo mundo.
Umbigo do sagrado.

Proteção contendo vida.


Anderson Lobo

Numinoso

Anoitecia, quando o mestre bateu à porta do mercador.   — Sou um velho monge, amigo da sabedoria. Venho de uma longa jornada rumo à minha mo...