terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Amor

 


Estavam no sopé da montanha, sentados em uma das margens do regato, sob a sombra generosa de imponente salgueiro.

— O que tens a dizer sobre o amor? — perguntou ela.

O trovador não respondeu imediatamente. Sorriu. Os olhos, voltados para o regato, cujas águas límpidas nasciam no alto da montanha.

— Muito do que sei sobre o amor, aprendi com o regato. — disse com quietude no tom de sua voz — Observa como essas águas seguem com obstinação seu curso. Vê como atravessam essa paisagem e avançam rumo a paragens desconhecidas. Vê como elas correm, ora com intrepidez, ora com serenidade.

A jovem desviou seu olhar para o regato e o trovador continuou:

— Desconheço o destino do regato, embora creia que suas águas corram em direção ao mar ou ao lago! Talvez deságuem no grande rio ou talvez adentrem as entranhas da terra para ressurgirem em outro ponto.

“Quem sabe, porém não morram no deserto estéril para, mais tarde, retornar ao solo sob a forma de chuva? São tantos os caminhos que levam ao mar! E tantos os terrenos e obstáculos naturais que essas águas precisam enfrentar!”

Da montanha, o vento trouxe frio, mas o trovador sentiu quentura no coração.
 
— Observa o regato — disse após respirar profundamente — e aprenderás muito sobre o amor e seus caminhos.

Ela também sentiu quentura no coração.

— Deixa-te levar pelas águas do regato! — completou o trovador — Saberás que o amor não se deixa guiar. Ele guia.

Anderson Lobo
(sonhador sempre)
 
 
 
 

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