terça-feira, 27 de julho de 2010

Ama



 
Quando do amor,
sê paz
e ama sem medo.
Ama teu próprio ser.
Quando da entrega,
a chama queima
e o corpo vai junto.
Se seus ecos não se fazem ouvir,
chora.
Se outro peito magoa,
desaba.
Pois o amor leva ao pranto.
E o coração carrega o fardo
e sofre.
Sê forte,
pois os caminhos que levam ao encontro,
podem ser espinhos.
E seus meandros
fazem vertigens.
Ainda assim, ama.
E morre de amor,
antes que a própria sorte venha.

Quando do amor,
sê alma,
e beija lábios doces.
Sê sonho,
um sonho louco.
Aperta forte teu corpo
contra o peito de outrem.
E bebe da taça que lhe é oferecida,
sem se embriagar.
O amor leva ao canto,
leva ao céu e ao sublime.
Sente a leveza do ser!
E sê bruma.
Deixa o coração te levar.
Segue a trilha dos amantes,
mas não ultrapasses teus limites.
Vive, sobretudo, teu amor!
E sê livre!
Pois o amor pode ser vento
ou, quem sabe, grilhão.
Ama, ainda assim,
antes que a própria morte venha.

Quando do amor,
sê pássaro
e voa singelo.
Sê criança bela.
Pois o amor também é inocência.
É pureza, ainda que carne.
Deseja o que é duradouro
e sê imensidão.
O que é perene assusta
e o amor, ainda mais.
Porém é preciso vivê-lo.
É preciso sofrer.
Beber da dor que aquece.
Sente o sabor da boca que te inspira.
Dorme ao lado da fera que te devora.
Sê humano o suficiente
para admitir que há abrigo
no que é tão imperfeito.
Sê humilde também
para viver outra vida.
E lembra da sorte dos amantes.
Pois, para eles, não há morte que venha.

Anderson Lobo
(aspirante a poeta, cantor da noite e sonhador nas horas vagas)

2 comentários:

  1. Bello, meraviglioso, bellissimo... perfetto!

    ResponderExcluir
  2. Anderson;

    Você é um artista. Isto precisa ser publicado!!!!

    Vagner

    ResponderExcluir

Numinoso

Anoitecia, quando o mestre bateu à porta do mercador.   — Sou um velho monge, amigo da sabedoria. Venho de uma longa jornada rumo à minha mo...